Saúde Física
Viver em casas frias durante o inverno pode aumentar o risco de problemas respiratórios, doenças cardiovasculares e reumáticas. Por outro lado, uma casa excessivamente quente no verão pode levar à desidratação, exaustão e fadiga acentuada com consequências tais como quebra de produtividade. A dificuldade de manter uma temperatura confortável pode também resultar em doenças relacionadas com o stress térmico.
Em 2021, a Eurostat classificou Portugal como o quarto país da UE com maior percentagem (17,5%, equivalente a 1,8 Milhões de portugueses) de famílias incapazes de manter suas casas aquecidas adequadamente. Estudos do Instituto Ricardo Jorge, enfatizam a ligação direta entre temperaturas extremas, tanto altas quanto baixas, e o aumento de problemas respiratórios e cardiovasculares, concretamente que condições atmosféricas adversas, como ar poluído, baixo teor de oxigénio ou temperaturas frias, exigem maior esforço do coração, podendo causar ou agravar problemas de saúde como bronquite, doença pulmonar obstrutiva crónica e asma.
Em Portugal, o frio é uma causa significativa de mortalidade, com centenas de pessoas morrendo anualmente devido às baixas temperaturas. Esta situação é exacerbada pela falta de isolamento térmico adequado nas habitações, resultando em casas mais húmidas e frias. Responsável do mesmo Instituto ressalta que habitações mal isoladas e ventiladas podem não só agravar doenças existentes, mas também desencadear novos episódios de doença.
Ele ainda aponta que há uma correlação comprovada entre os fatores de condições habitacionais inadequadas e a mortalidade, observando que nos meses mais frios do hemisfério norte, a mortalidade é consistentemente mais alta, mesmo excluindo outros fatores. A falta de conforto térmico nas habitações está diretamente relacionada a um maior risco de mortalidade.
Adicionalmente, o Healthy Homes Barometer 2019 destaca Portugal como o país da UE com a maior percentagem de crianças (51%) em risco de viver em habitações com más condições de saúde, reforçando a necessidade urgente de melhorias nas condições habitacionais para garantir a saúde e o bem-estar dos cidadãos6.
Saúde Mental
A pobreza energética pode contribuir para o stress e a ansiedade, especialmente quando as contas de energia são uma preocupação constante. Além disso, o desconforto físico de viver em temperaturas extremas pode afetar o humor e o bem-estar mental, podendo levar a sentimentos de isolamento e depressão.
Qualidade de Vida
A falta de acesso a energia suficiente e acessível pode reduzir significativamente a qualidade de vida. Pode limitar a capacidade de uma pessoa cozinhar, manter a comida fresca, ter luz suficiente, e manter um ambiente doméstico confortável e seguro.
Entender a pobreza energética e os seus efeitos é crucial para desenvolver soluções sustentáveis que permitam a todos viver de maneira confortável e saudável. A sensibilização para esta questão e a promoção de eficiência energética e apoio acessível são passos vitais para mitigar a pobreza energética e promover o bem-estar de todos.
6. https://velcdn.azureedge.net/-/media/com/healthy-homes-barometer/hhb-2019/hhb_main-report_2019.pdf